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MV Bill e os guris do tráfico

Depois do lançamento explosivo do documentário “Falcão – Meninos do Tráfico”, que retrata o cotidiano de meninos e meninas em favelas de todo o país, o rapper carioca MV Bill viaja agora por todo o país para promover uma reflexão sobre a marginalização.

O rapper passou sete anos desenvolvendo o projeto

O próprio MV Bill é prova de que a periferia tem muito a contribuir para este diálogo. Garoto pobre da Cidade de Deus, Bill cresceu no meio dos soldados do morro, mas seguiu o caminho dos palcos. Como rapper, ganhou fama com um clipe polêmico – Soldado do Morro - em que aparecem traficantes de verdade.

Bill conta que foi nessa época que ele começou a matutar o que viria a ser Falcão – Meninos do Tráfico. “Quando a gente parava de filmar, nos intervalos, eles largavam as armas e viravam gente de novo. Falavam de mulher, futebol, dos seus sonhos. Aí começou essa idéia de ir além do crime, mostrar quem eram essas pessoas”.

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Em Curitiba, um dia depois do filme de MV Bill e Celso Athayde estrear no Fantástico, o garoto L., de 10 anos, foi detido enquanto oferecia buchas de maconha a dois transeuntes na Vila São Francisco. Os rapazes eram na verdade policiais à paisana. Depois de deter o menino, os policiais revistaram a casa.

Encontraram um tijolo de aproximadamente 750 gramas sob uma tábua solta do assoalho. A mãe do moleque, Erisvalda S. F., de 26 anos, foi autuada em flagrante por tráfico de drogas e aguarda julgamento na cadeia feminina de Quatro Barras.

L e o irmão foram encaminhados ao Conselho Tutelar e hoje vivem num orfanato.

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Quando o repórter da Gazeta pergunta a Bill sobre as favelas de Curitiba, ele abre um sorriso e fala com propriedade. E não apenas sobre a Vila Pinto, famosa porque fica há menos de 4 km do Centro da capital, MV comenta também sobre a realidade enfrentada nas favelas da Região Metropolitana, como em Araucária e Pinhais.

“A primeira vez que eu vi favela em Curitiba eu tinha vindo para um show. Na época a gente ouvia falar muito bem da cidade na televisão. Tinha até uma novela aqui. Eu fiz um show com uma banda de reggae, aí perguntei pra eles se tinha favela. Eles me levaram na Vila Pinto”.

Depois MV Bill foi percebendo que as favelas são fenômenos comum em todo o país, e não apenas das capitais, mas também das cidades de médio e grande porte.


MV Bill, encurralado pelos repórteres do asfalto

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Como todo mundo, L. também ficou pasmo quando viu o documentário. As imagens que mais o incomodaram eram as de velório. Ele mesmo já tinha visto uns velórios lá na vila, como se refere à invasão irregular do São Francisco. Mas aquilo só podia ser coisa do Rio de Janeiro.

Com ele não bem assim. L. só vendia umas buchinhas de maconha perto de casa. Via a coisa mais como um trabalho, pra zelar pela mãe e pelo irmão menor, enquanto o pai “puxa cadeia”. O rapper explica que esse tipo de situação é a regra. “Essas crianças, a maioria cresce sem figura paterna”, diz.

Genocídio infantil

No documentário Falcão, apenas um garoto sobrevive. “Os personagens que dão fio condutor à história, eles morreram em um espaço de dois anos”, lembra o rappear. O menino que sobreviveu hoje trabalha em um circo e hoje viaja pelo país. Deixou para trás o tráfico e as drogas.

Os outros, tombaram um a um na vida incerta do crime. “A vida deles é isso. Crescem sem nada. Morrem com 15, 16 anos. Deixam mulher grávida, às vezes filho pequeno. E a história se repete. Falta oportunidade. Em vez de exército, deviam entrar na favela um pelotão de professores”.


Bill com este repórter que vos escreve.

2 Comments:

At 3:25 PM, Blogger Augusto Ouriques Lopes said...

Caron, Noa tenho video-camera, soh o pobre da camera-fotografica. esta eh a razao dos poucos videos no You Tube.

Gostei dos seus, tah curtindo cada segundo com a filhota. Fico feliz.

 
At 8:24 AM, Blogger Silvana said...

Esse documentário do MV Bill deu o que falar. Queria ver alguma coisa assim aqui da nossa capital social.

Abraço e continue escrevendo!

 

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